seu encanto doce ainda está em mim
a foto que você mais gosta foi para o jornal
os gatos comeram requeijão às 7 e meia da manhã
infelizmente não ganhamos no bicho
mas é assim
louvo seus pés
suas unhas cor-de-rosa seus quadris
largos iguais aos meus
o mesmo sangue série branca a célula progenitora
escoamento das nossas vontades
e então feito líquido você se vai
elegante na sua impureza
como quem sai de uma festa muito boa
para ir pra outra muito muito mais quente e louca e gloriosa em seu tato
muito mais visceral
o céu cujo epicentro não é senão o próprio inferno
a festa do céu e do inferno
(que é a vida)
divinos pecadores bestificados
polaridades invertidas
a pilha é a mesma
seu encanto doce ainda está em mim
recebo a força maciça e a lágrima peremptória
esvanece o tempo, a pedra-tempo
talismã
escorre no seu jardim de flores
o chão varrido, a frente limpa
molho todas as coisas que são vivas
e vivo
com seu encanto doce
para sempre em mim