Meu bem

Lígia
1 min readJun 3, 2021

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É quase lua cheia e eu ainda não menstruei. Quase junho e eu ainda não conheci o meu grande amor. Busco um conforto que só encontro nos carboidratos, enquanto sonho em ter dinheiro e levar o meu grande amor pra viajar. Sonho com uma casa no airbnb, lareira, fumaça, decânter, cheiro de mato, cheiro de madeira, cheiro de sexo. Uma massagem no meu ombro duro e eu esqueço de mentir, um beijo demorado e o reflexo do seu rosto lindo no espelho da sala, o olhar fixo em mim, sorriso, bigode, uma bela chupada é o que basta pra eu sucumbir a juras de amor no escuro, uma noite inteira com você pra eu não saber mais quem eu sou e gostar. Gostar de qualquer coisa, na verdade. Gostar de você, sobretudo.

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Ficar com você é um evento imperdível e interminável, não existe ex, nem atual, nem propriedade, nem realidade. Podem-se ver as barraquinhas de quermesse despontando na noite, peço paçoca doce de leite um fondue de uva, para você apenas uma maçã-do-amor, quanto mais lambuzada melhor. Estou numa cidade desconhecida no sul de Minas Gerais, aperto sua mão no sereno, você se aproxima feito promessa para São João. Meu bem, eu estou toda de branco, cachinhos esvoaçando e de joelhos só pra você. Meu bem. Estou te avisando agora. Se eu for até aí pra te ver, não volto mais.

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