um dos maiores prazeres da minha vida tem sido
comer a pele crocante do salmão
aquela que gruda na frigideira meio untada meio
banhada em azeite, dos bons
pimenta-do-reino sal e nada mais
à minha maneira solitária e esquiva
pôr a mesa para uma, ainda comer peixe
no dia seguinte ficar corada
como um flamingo, como um bicho de incontáveis
sortes salinas e privilégios perenes, desfrutar de sol água asas
exceto as que são cortadas para pousarem as influencers
com a irretocável paleta a fotografia definidora dos trópicos
pernas incontornavelmente finas, as quais nunca terei
ouvindo lana na vitrola pensando no próximo macho
em cozinhar juntos em queimar acidentalmente a melhor
parte a crosta
falar que não estou acostumada, que não sei ajustar
a medida para dois
pedir licença
enjoar o estômago da gordura boa quase
desgostar do meu prato favorito
tomar um digestivo
ir mais uma vez dormir sozinha